28 de agosto de 2011

Nordeste mantém ritmo da economia e descola do país

A economia da região Nordeste continua crescendo num passo acelerado, descolada do resto do país e sem sentir os efeitos das medidas adotadas pelo governo para esfriar a atividade econômica e combater a inflação.
Enquanto os Estados nordestinos foram impulsionados por investimentos do governo federal e de empresas privadas, o enfraquecimento da indústria e o aumento das taxas de juros fizeram o Sul e o Sudeste trocar de marcha.
De acordo com projeções do Banco Central, a economia brasileira cresceu 1,1% no primeiro trimestre do ano e 0,7% no segundo trimestre, sempre em relação ao período imediatamente anterior.
O Sudeste cresceu 1,4% no primeiro trimestre e 0,6% no segundo, segundo o BC. No Nordeste, a economia manteve no segundo trimestre o mesmo ritmo do começo do ano, crescendo 1,6%.
O Nordeste é a região em que a presidente Dilma Rousseff alcançou sua melhor votação na eleição do ano passado. Lá, seu governo obtém índices de aprovação maiores do que os de outras regiões, segundo o Datafolha.
O aumento dos juros e outras medidas do governo atingiram com mais força o Sul e o Sudeste porque a oferta de crédito é maior nessas regiões e sua economia depende mais da indústria, abalada pela competição com produtos importados e pela turbulência global.
Enquanto isso, o Nordeste virou destino de vultosos investimentos como os do porto de Suape, na região metropolitana de Recife, onde estão previstos aportes de R$ 24 bilhões até 2014, a maior parte de empresas privadas.
Isso ajuda a explicar por que a taxa de desemprego na capital alcançou 6,3% no mês passado, bem abaixo da sua média histórica, superior a 10%, nota a economista Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco.
"Pernambuco está recebendo um volume de investimentos equivalente a toda riqueza que produz em um ano", diz ela. "Isso gera um impacto muito forte na economia local, que é relativamente pequena perto de Estados como São Paulo."

RENDA EXTRAAs obras da ferrovia Transnordestina empregam 11,5 mil pessoas em Pernambuco, no Ceará e no Piauí. No Maranhão, a mineradora Vale investe na ampliação do porto de Ponta da Madeira e da Estrada de Ferro Carajás.
A renda extra assegurada pelos programas sociais do governo federal também faz diferença na economia local. Metade das 13 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família vive no Nordeste.
Em abril, o governo reajustou os benefícios do programa em 19,4%, ao mesmo tempo em que iniciou um esforço para conter os gastos federais em outras áreas, sobretudo os investimentos.
O economista Carlos Azzoni, da Universidade de São Paulo, explica que os investimentos e os programas sociais ajudam o Nordeste a amortecer o impacto da desaceleração da economia. "Além disso, este ano não teve seca, fenômeno que teria impacto negativo", diz.
Mas o Nordeste não está completamente imune ao esfriamento da economia nas regiões mais desenvolvidas do país. A economia local deve perder o ritmo até o fim do ano, ainda que em menor intensidade, afirma Azzoni.
"A região sempre acompanha o que acontece no Brasil", diz Bacelar, da UFPE. "Se o país entrar numa desaceleração maior, não será diferente com o Nordeste."



Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO

7 de agosto de 2011

Marketing empreendedor: um novo conceito com velhas práticas

Qual a relação existente entre Marketing e Empreendedorismo?

A partir de 1987, a American Marketing Association passou a incluir a discussão sobre marketing e empreendedorismo em suas conferências anuais, periodicamente, com base no American Marketing Association's Research Symposium on Marketing and Entrepreneurship. A partir daí, e através da colaboração com autores e pesquisadores norte-americanos e europeus, o tema ganhou maior repercussão, o que se traduziu no incremento das publicações que passaram a tratar do assunto: Journal of Research in Marketing and Entrepreneurship, além de edições especiais de publicações como European Journal of Marketing, Marketing Education Review (EUA), Management Decision (Reino Unido) e o Journal of Marketing: Theory and Practice (EUA), entre outras.

Pode-se considerar, numa primeira análise, que o marketing tem muitas contribuições a oferecer ao estudo do empreendedorismo - assim como o empreendedorismo pode enxergar no marketing uma função crucial para alinhar criatividade e inovação, dois fatores essenciais ao empreendedorismo.

Muitos autores abordam o marketing empreendedor com o enfoque do marketing tradicional aplicado aos pequenos negócios, sem ajustes profundos para o contexto destas organizações. Para Philip Kotler, os conceitos tradicionais de marketing referem-se, resumidamente, à seleção de mercados-alvo, verificação de clientes potenciais e suas necessidades, desenvolvimento do produto de acordo com as necessidades dos clientes - com o objetivo de gerar valor para os produtos e satisfação para os clientes. Por outro lado, um número reduzido de autores especialmente interessados no empreendedorismo utiliza uma abordagem diferenciada, entendendo o marketing empreendedor como sendo o marketing realizado especificamente por empreendedores em pequenas empresas.

Pode-se discutir, por exemplo, se não haveria grande convergência de objetivos e métodos entre o o conceito de marketing de relacionamento e marketing empreendedor, uma vez que ambos estariam mais preocupados em construir relacionamentos firmes entre empresas e clientes como força motriz da lealdade destes, em benefício daqueles. Neste sentido, o conceito do "marketing mix" não precisaria ser completamente abandonado, mas seria essencial adequá-lo às novas necessidades - mercados altamente competitivos, caracterizados por rápidas e assíduas alterações demandariam não um simples gerenciamento das transações (que seriam a finalidade dos "4 P´s"), mas em seu lugar, um gerenciamento da relação com o cliente, que englobaria não apenas produtos, preços, promoção e distribuição, mas agregaria também uma aproximação pessoal com o cliente para conhecê-lo, descobrir suas necessidades e desejos e, enfim, desenvolver uma oferta de valor.

Ao consultar o livro mais importante da Administração de Marketing, de Philip Kotler, pode-se verificar que o especialista já vinha tratando desta questão há anos: Kotler sustenta que as empresas passam por 3 estágios baseados nas práticas de marketing. O primeiro é denominado "marketing empreendedor" - e ocorre quando um indivíduo percebe uma oportunidade e começa um negócio vendendo seus produtos ou serviços. Neste estágio, a empresa é pequena e não pode disponibilizar recursos para muitos investimentos - portanto, os proprietários-dirigentes realizam um "marketing informal", baseado no conhecimento que possuem, de maneira absolutamente intuitiva.

O segundo estágio conta com o "marketing profissionalizado": quando a PME passa a ter sucesso e recursos financeiros para adotar procedimentos de marketing mais formais - aqueles mais amplamente retratados na literatura. O terceiro estágio, finalmente, é denominado de "marketing burocrático", pois ocorre quando já existe na empresa um departamento de marketing formalizado, dispondo de profissionais envolvidos em tarefas burocráticas da empresa - quando aumenta o risco de negligenciar o mercado e os clientes.

Quando tratamos da aplicação e utilização do marketing nas pequenas e médias empresas (PME), em particular, é preciso levar em consideração algumas peculiaridades destas organizações: as grandes empresas, mais rotineiramente, realizam planejamento de modo formal, enquanto as PME o fazem informalmente e que os dirigentes das pequenas empresas não têm tanta preocupação em mensurar o desempenho das ações de marketing quanto os dirigentes das grandes. 

fonte: http://www.administradores.com.br