Não é só uma revolução tecnológica que se desenrola diante de nossos olhos dia após dia. Mais do que notar que o que era teclado+mouse+interface gráfica passou a ser toque+voz+gesto, o fundamental é perceber a mudança de cultura, de interação com o mundo.
Tendo isso em mente, que afeta substancialmente o comportamento do consumidor frente à informação e ao posicionamento de empresas e marcas, dá para inferir algumas tendências para o novo ano que se aproxima.
1) Customização. A comoditização de marcas e produtos já está levando os consumidores a ansiar por exclusividade e personalização (daí o sucesso do Pinterest, por exemplo, já que cada um cria seu próprio painel de preferências). As marcas passarão a investir mais em autenticidade e experiências individuais e sob medida, permitindo que as pessoas efetivamente controlem o que querem fazer ou comprar. A chance de customização passará a ser um diferencial para produtos e serviços.
2) Integração entre redes sociais e bancos de dados. Quem é o seu cliente? Onde ele compra, o que ele compra, a que horas, sozinho ou com amigos, de que outras coisas ele gosta, que tipo de comentário ele costuma postar nas redes sociais sobre os produtos que adquire, que tipo de produto ele gostaria de comprar… inúmeras questões cujas respostas estão soltas em diversos canais e pontos de contato e que precisam ser “amarradas”. Ao sincronizar as atividades nas mídias sociais com os bancos de dados dos clientes, dá para tirar informações comportamentais e elaborar mensagens e ações mais dirigidas. Aprimorar a personalização desses conteúdos pode levar efetivamente o consumidor a uma ação desejada e um relacionamento mais significativo e duradouro com as marcas.
3) Conteúdo sob demanda. Na esteira da customização, crescerá a expectativa por ações que vão ao encontro das preferências de cada consumidor individualmente. Isso inclui propor conteúdos específicos de acordo com o interesse de cada consumidor, “lendo” as suas várias facetas. Um exemplo é o que já faz o Zite, espécie de revista eletrônica que, com base no que você posta no Twitter ou Facebook, sugere leituras (artigos) de interesse. Ou o que faz a Amazon, capaz não só de te reconhecer como um visitante de retorno mas de indicar outras leituras com base em suas compras anteriores. Esse marketing absolutamente individualizado é muito mais eficiente.
4) Curadoria de conteúdo. Mesmo com esse marketing “inteligente”, a quantidade de informações às quais somos submetidos todos os dias é exorbitante. Oferecer serviços de curadoria sob medida é um nicho ainda pouco explorado.
5) Imagens. O conteúdo será cada vez mais visual. Menos texto, mais imagens. Fotos, vídeos e infográficos serão cada vez mais importantes para compartilhar nossa visão de mundo, pois são de fácil e rápido consumo. O sucesso do Pinterest (uma grande colagem das suas fotos preferidas sobre os mais variados temas) e do Instagram (que permite aplicar efeitos interessantes em suas fotos) durante 2012 é uma prova. Modificações introduzidas este ano pelo Facebook e pelo Twitter, abrindo a possibilidade de utilizar imagens no perfil do usuário, e a integração entre os diversos aplicativos e plataformas, permitindo o compartilhamento das fotos que você quiser, dão impulso adicional à tendência.
6) Compartilhamento. Cada vez mais, experiências de vida só vão parecer relevantes e memoráveis se compartilhadas com o maior número possível de pessoas. Crescerão as ferramentas que permitem que você integre todos os aplicativos que utiliza e associe conteúdos em diferentes websites.
7) Recursos de voz. A expectativa por informação imediata, personalizada e em qualquer lugar estimulará a expansão de “assistentes de voz” como o Siri, capazes de nos dar indicações em tempo real.
8 ) Telas mobile. Para esse compartilhamento, pessoas e empresas devem considerar que equipamentos mobile são cada vez mais comuns. Smartphones e tablets terão uso cada vez maior e websites que não estiverem programados para isso serão mal vistos. Segundo levantamento do banco Morgan Stanley, de apenas um ano para cá o número de smartphones no mundo deu um salto de 42%, chegando a 1,1 bilhão. Apesar do estrondoso crescimento, os smartphones ainda representam apenas 17% do total de 5 bilhões de celulares em uso no mundo.
9) A qualquer tempo e em qualquer lugar. Foi no quarto trimestre de 2010 que o número de smartphones e tablets no mundo ultrapassou o de PCs – e aí que se viu o início de uma mudança de cultura, a exemplo do que aconteceu em 2002, quando o número de celulares suplantou o de telefones fixos. Como decorrência do boom mobile, o nível de exigência das pessoas por informações em tempo real na sua telinha portátil tende a aumentar, e os profissionais de marketing podem pensar em ações para atender essa demanda. Para se ter uma ideia, o número de adultos com tablets nos Estados Unidos pulou de 2% em 2009 para 29% em 2012, segundo o Pew Research Center. Outra prova cabal: neste Natal, o maior desejo de quase metade (48%) das crianças de 6 a 12 anos nos Estados Unidos é um iPad, à frente até do videogame Wii (39%). Em terceiro, supresa! O iPad mini (36%). Ou seja, até as crianças estão totalmente plugadas. Os números são da Nielsen.
10) SEO = conteúdo + compartilhamento. Foi-se o tempo em que o importante era usar estratagemas e palavras-chave para que os algoritmos das ferramentas de busca “enxergassem” melhor a marca. Agora, o que dá realmente resultado é conteúdo relevante, que as pessoas compartilhem e para os quais gerem links. Search Engine Optimization (SEO), mídias sociais e conteúdo não são mais canais separados ou práticas segmentadas.
11) Mídias sociais como mainstream. Basta parar um minuto e pensar: como fico sabendo das coisas e busco informação hoje em dia? A resposta pode passar por jornais online, blogs que compilam fatos e opiniões e até por noticiários na TV. Mas com certeza incluem o Facebook, o Twitter ou o LinkedIn, por uma simples razão: as mídias sociais já viraram mainstream, ou sejam, competem de igual para igual na geração e compartilhamento de conteúdos.
12) Crowdsourcing para produção de conteúdo. Envolver os clientes em ações para desenvolvimento ou melhoria de produtos é prática já popular. Mas a partir de 2013 vai se tornar mais relevante fazer isso, pois a demanda dos consumidores por participação aumentou.
13) Online X offline? Esqueça. As pessoas não percebem mais essa separação. Vão em busca de uma experiência autêntica, preparada para elas individualmente, que transite em um mundo só, sem fronteiras entre online e offline.
fonte: revista Exame.
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